Reabilitar edifícios e adaptá-los aos imperativos contemporâneos preservando a sua alma é um dos desafios a que o Pestana Hotel Group tem mais prazer em responder.
Há um pormenor que chama a atenção no Pestana Douro Riverside, descerrado em abril de 2022: uma chaminé de tijolo, que termina muito acima dos telhados. O vestígio da antiga fábrica de sabonetes CUF é um dos elementos do edifício original, integrados pelo arquiteto David Sinclair neste novo hotel portuense com 165 quartos e suítes. A par dos 108 quartos do Pestana Lisboa Vintage, inaugurados em março do mesmo ano – num edifício da fase final do período Art Déco, com interiores do arquiteto Jaime Morais –, o Douro Riverside é um exemplo do esforço empreendido pelo grupo nos processos de reabilitação para responder aos requisitos contemporâneos, ao mesmo tempo que mantém viva a memória de cada lugar. Imprescindível na empreitada é a colaboração de arquitetos de renome, que vêm com a sua visão juntar mais uma camada à história destes espaços.
Reabilitar e modernizar: Onde passado e presente se encontrar
Diz-se que houve três períodos na construção do Mosteiro de Flor da Rosa, no Crato, Alentejo – dois deles na Idade Média e um terceiro nos séculos XV ou XVI. Contudo, olhando para a Pousada Mosteiro do Crato, como é hoje designada, é impossível não acrescentar mais um ponto decisivo: a intervenção em finais do século XX do arquiteto Carrilho da Graça, que reabilitou parte das dependências e acrescentou uma nova ala, com 13 dos 24 quartos. A extraordinária articulação entre os diferentes tempos e linguagens conheceu em 2016 um novo capítulo: a inauguração do spa.
As Pousadas de Portugal só podem existir em edifícios com classificação patrimonial ou traça arquitetónica representativa de uma época. Daí que os processos de reabilitação sejam cruciais na definição, não só do seu futuro, mas da sua essência. Adicionar-lhes novos corpos em harmonia com o passado é um desafio para os melhores. Como Gonçalo Byrne na Pousada do Palácio de Estoi, em Faro, ou no Pestana Cidadela Cascais (com David Sinclair) – apenas para nomear alguns.
Já os projetos raramente seguem os caminhos mais óbvios. Quando nos anos 90 explicava a reconversão do Convento de Santa Maria do Bouro, antigo mosteiro cisterciense do século XII (e antes disso habitado por eremitas), o arquiteto Eduardo Souto Moura dizia que as ruínas, enquanto material disponível, eram mais importantes do que “o convento”. A aposta, frisava o Prémio Pritzker de 2011, não era na consolidação, mas na injeção de novos materiais, usos, formas e funções. O pitoresco até poderia acontecer, mas não por obrigação.