O imponente edifício pombalino ocupa a esquina entre a rua Augusta e a rua do Comércio, imediatamente antes do arco triunfal que abre a Baixa para o Terreiro do Paço. É precisamente nesse ponto – um dos mais simbólicos da cidade – que se situa o novo Pestana Rua Augusta, um hotel na Baixa de Lisboa, citadino e de portas abertas a quem por ele passa.

Convite a entrar
Inaugurado no verão de 2023, é um hotel elegante e confortável, mas também descontraído e até divertido. Ora vejamos. O lobby, virado para a rua do Comércio, é em si mesmo um convite a entrar. A primeira coisa que se vê quando se entra no salão não é a receção, como seria de esperar, mas um enorme bar espelhado. Está plantado a meio da ampla sala e assume o papel principal do espaço, afirmando a identidade do hotel.
Nery’s Tiles
Na sala em que ficam o bar, o lounge e a receção do hotel, sobressaem os azulejos de Eduardo Nery, que revestem (integral ou parcialmente) todas as paredes – daí que o bar se chame Nery e que se sirva um cocktail azul chamado Nery’s Tiles.
O conceituado artista plástico português, que viveu entre os séculos XX e XXI, deixou um legado em diversas áreas, da pintura à tapeçaria, do vitral à fotografia. Afirmou-se como mestre na azulejaria artística a partir da década de 1960, com trabalhos ligados a projetos arquitetónicos e urbanísticos por todo o país, sendo este um exemplar desse período.
Está explicada a razão por que o mural azul e branco foi uma prioridade no projeto de recuperação do edifício e um ponto de partida para Jaime Morais, o arquiteto responsável pelo design de interiores e decoração do hotel.
Obras minuciosas
As obras levaram cerca de ano e meio e, durante boa parte desse tempo, houve uma equipa de restauro no local, a trabalhar os milhares de azulejos, um a um. O Grupo Pestana assumiu como missão honrar a herança cultural do edifício, preservando todos os azulejos e organizando o espaço em torno deles – nenhuma mobília pode estar, por exemplo, em contacto direto com as peças.
Salto em altura
Se no piso de entrada as alterações foram comedidas e a maior preocupação foi a de preservar a história do edifício, nos patamares superiores o caso muda de figura. As obras foram estruturais nos restantes quatro andares e o prédio deu um salto em altura, ganhando um novo (quinto) piso. Os 89 quartos estão decorados em tons suaves com alguns pormenores mais escuros, que contrastam com papéis de parede vistosos, sempre inspirados na natureza.
O restaurante Olive
No restaurante Olive, aberto para a rua Augusta, o ambiente é informal e acolhedor, com muitas peças em madeira e vários apontamentos botânicos – elementos informais que equilibram as paredes forradas a azulejos.
Da sala interior do restaurante, pelas janelas envidraçadas, contempla-se o ritmo da cidade; já na esplanada de aproximadamente 20 lugares, a vista é sublime: estamos quase por baixo do arco triunfal da rua Augusta.
Em funcionamento das 10h às 19h, o Olive conta com uma carta adaptada às diferentes fases do dia. Há opções de pequeno-almoço e brunch, snacks para comer no local ou para levar, almoço, petiscos para o final da tarde e, claro, carta de vinhos a acompanhar – que estão disponíveis para comprar e levar para casa. O mesmo acontece com as dezenas de produtos dispostos na antiga vitrine de mercearia, ao fundo da sala, onde há bolachas, conservas, cervejas artesanais e azeites expostos, entre outros, sempre de origem nacional, sem deixar esquecer que estamos mesmo no coração de Lisboa.
Cidade das sete colinas
Situado na Baixa lisboeta, o hotel conta com muito movimento a todas as horas do dia e excelentes acessos para os restantes pontos de interesse na cidade, muitos deles perto o suficiente para descobrir a pé. Para Este, temos a Sé de Lisboa, o miradouro das Portas do Sol ou o Castelo de São Jorge; para Oeste, o Chiado, a Ribeira das Naus ou o encantador miradouro de São Pedro de Alcântara. Embora seja tudo relativamente perto, recomenda-se usar o calçado mais confortável possível, já que Lisboa prova bem a quem a visita porque é conhecida como “cidade das sete colinas”.
