Um pequeno Palácio de Versalhes. Assim é o Palácio de Queluz, construído no século XVIII, como materialização da Lisboa que queria ser francesa. De estilo Rococó, foi edificado como palácio de verão – onde a corte assistia a serenatas e espetáculos de fogo –, mas passou a residência permanente da família real em 1794, até à fuga para o Brasil, em 1807.
De frente para o faustoso palácio estão a Torre dos Sinos e do Relógio e o edifício adjacente. Da autoria do arquiteto e sargento-mor Manuel Caetano de Sousa, a edificação funcionava como uma extensão do próprio Palácio de Queluz, exatamente com as mesmas linhas e cores na fachada. O objetivo principal era albergar os funcionários do palácio, mas o espaço acabou por servir também de armazém e até de sala de espetáculos, com o teatro pessoal da rainha ali instalado.
É precisamente neste lugar que, em 1995, nasceu a Pousada Queluz (ou Pousada D. Maria I, como é originalmente conhecida). Vista de fora, é pequena e discreta – pelo menos em comparação com o imponente palácio, do lado de lá do largo. Por dentro, no entanto, está cheia de pormenores requintados que remetem para o século das luzes. As obras de adaptação levaram perto de três anos e foram substanciais. A ala dos quartos, por exemplo, foi praticamente feita de raiz. São 26, de diferentes tipologias, com destaque para as duas suítes – uma mais romântica e outra mais pensada para famílias, com a possibilidade de colocar duas camas adicionais. Mas mesmo os quartos standard são bastante amplos, e todos partilham a mesma decoração: tetos amadeirados, pavimentos alcatifados, casas de banho em mármore e pinturas no lugar das sancas – uma réplica das pinturas originais, presentes em boa parte da pousada.
É ainda de notar a escadaria em mármore que dá acesso aos quartos: sendo dos anos 90, está perfeitamente integrada no conjunto. No andar de baixo, ficam, logo depois da receção, as salas de estar e de jogos, a sala do pequeno-almoço e o bar, que combina elementos dourados, em pele e em pedra, com um toque retro que dá vontade de ficar por ali a espairecer e a beber um copo, enquanto se pensa em tudo aquilo que D. João VI deixou para trás ao escapar das tropas de Napoleão.