Quem chega de carro à Pousada Convento Évora só precisa de pegar nele depois do check out: a localização é absolutamente privilegiada e dali percorre-se toda a cidade a pé. Com a Catedral Gótica de um lado e o Templo Romano do outro, até à praça do Giraldo são cinco minutos – a pousada fica no centro de uma cidade-museu, capital do Alto Alentejo, considerada património mundial da UNESCO desde 1986.
Ao mesmo tempo, é um segredo bem escondido, porque da rua não se adivinha a sua dimensão. O edifício remonta ao século XV quando, por ordem de D. João II, se construiu o Mosteiro de São João Evangelista, onde anteriormente estava parte do antigo castelo da cidade, ainda de origem árabe – cujas muralhas que restam estão hoje integradas na pousada. O castelo tinha já sofrido com um incêndio durante a crise dinástica de 1383-1385, e mais tarde, em 1755, com o mosteiro rebatizado como Convento dos Loios, foi abalado pelo grande terramoto, que se sentiu com muita intensidade em Évora. Com o fim das ordens religiosas, em 1834, o edifício ficou mais de 100 anos desabitado. Em 1922, foi classificado como monumento nacional e, na década de 1960, adaptado a pousada histórica.
A Pousada Convento dos Loios abriu portas em 1965, mantendo praticamente intacta a estrutura do mosteiro. O espaço organiza-se em torno do claustro de dois pisos, sendo o de baixo – revestido de azulejos do Museu de Évora – aquele onde funcionam alguns dos espaços comuns. No antigo refeitório dos monges servem-se os pequenos-almoços e, durante os meses mais frios, outras refeições. A antiga cozinha do convento deu origem a uma das mais bonitas salas de estar.
A escadaria que dá acesso ao primeiro andar é de paragem obrigatória. Toda em mármore, rodeada de imponentes candelabros em ferro, conta com um enorme tapete de Arraiolos disposto na parede, com cerca de três metros por oito, feito especialmente para o convento, entre os séculos XVII e XVIII, coberto de referências à época dos Descobrimentos, com figuras de cavalos mas também de sereias e de dragões.
No piso de cima ficam os quartos, na sua maioria celas de monges adaptadas – cada quarto ocupa o espaço de pelo menos duas celas –, com destaque para a suíte Dom João, em que a diária começa nos 400€ e chega aos 800€. As paredes e os tetos da sala impressionam com coloridos frescos do século XVIII, e a restante decoração segue o mote, com peças em mármore e um lustre que se destaca. “One of a kind”, resume Filipe Beja Simões, gerente da pousada.