Assim que entramos pela porta envidraçada da Pousada Castelo Estremoz, o tempo pára: de um lado, a imponente escadaria de azulejos; do outro, a Torre de Menagem, mandada construir por D. Dinis no final do século XIII, por motivos talvez mais românticos do que estratégicos – diz a lenda que o fez para agradar a Isabel de Aragão, a famosa rainha Santa Isabel.
Oito séculos e muita história depois, o antigo castelo é hoje uma pousada de luxo rodeada de muralhas. A área foi classificada como monumento nacional em 1924 e, entre as décadas de 1960 e 80, decorreram várias obras de requalificação com o objetivo de a transformar em hotel. O projeto de Rui Ângelo de Oliveira do Couto acabou por adaptar os diferentes espaços sem os alterar mais do que o necessário, preservando a arquitetura, ora gótica, ora barroca.
No piso de entrada, onde funcionavam as antigas cavalariças, ficam as salas de estar, o bar e a enorme sala de refeições, que chega a sentar 300 pessoas. Com peças de mobiliário que são simultaneamente peças de antiquário – muitas delas cedidas por museus –, os salões são amplos e imponentes, destacando-se as portas e as janelas revestidas a talha dourada. No exterior encontram-se a esplanada e a piscina, delimitadas por muralhas, com vista panorâmica sobre a cidade de Estremoz e a planície alentejana.
No piso de cima há três longos corredores de quartos, dispostos em U, com pequenos pátios e salas de estar a cada esquina, cada uma mais bonita do que a outra. Os 21 quartos deste patamar – os primeiros a serem construídos, ainda nos anos 70 – têm camas de dossel e uma decoração que nos transporta para contos de reis e rainhas. Em todos eles há casas de banho revestidas a mármore de Estremoz, do chão ao teto, em tons de cinzento, rosa ou bege, um luxo de outros tempos.
Na década de 1990, a pousada foi ampliada. No segundo e último andar, os antigos aposentos e escritórios dos trabalhadores do paço deram origem a mais 11 quartos, mobilados com réplicas das peças que existiam nos quartos do primeiro andar. O trabalho ficou a cargo da Fundação Ricardo Espírito Santo, cujo empenho e atenção aos detalhes não deixariam com certeza D. Dinis mal visto aos olhos de Santa Isabel.
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Pousada
Castelo de Estremoz
Oito séculos e muita história depois, o antigo castelo é hoje uma pousada de luxo rodeada de muralhas.