Situado 230 metros acima do mar, o Castelo de Palmela é o mais alto miradouro da região, oferecendo aquilo a que hoje se chama “vista 360”.
Antigamente, a prioridade não era apreciar a paisagem mas vigiar os perigos, razão pela qual foi ali edificado um castelo entre os séculos X e XII, de onde se vê o rio Sado e o rio Tejo. No século XV, o castelo acolheu o antigo Convento de Santiago, que durou até à extinção das ordens religiosas, em 1834. Mudam-se os tempos, mudam-se os usos, e em 1979 o convento deu lugar a uma pousada histórica. Com esta vantagem: a vista à chegada continua tão estonteante como há mil anos, para qualquer direção que se olhe. De um lado, Setúbal, Arrábida e Troia; do outro, Lisboa, Cascais e até a serra de Sintra.
A Pousada Castelo Palmela organiza-se em torno do Pátio das Laranjeiras, centro da pequena unidade hoteleira. É ali mesmo, nas galerias do claustro do antigo convento, que ficam o restaurante, o bar e alguns espaços de leitura.
Os 28 quartos, nos andares superiores, são espaçosos e alguns deles incluem sala de estar. A decoração difere de quarto para quarto, mas mantêm-se elementos como a mobília antiga, em madeira escura, e os têxteis dos tapetes, dos cortinados e das cabeceiras das camas em tons claros. Os azulejos das casas de banho, pintados à mão, sobressaem.
Nas zonas comuns impera a tranquilidade. “A maioria dos nossos hóspedes vem em busca de sossego”, resume Alexandra Rodrigues Brás, assistente de direção. Ainda assim, a estadia guarda muitas surpresas. Dentro das muralhas do castelo de Palmela, classificado como monumento nacional desde 1910, visitam-se, além do espaço da pousada, a Torre de Menagem, as ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo (do século XII e provavelmente fundada por D. Afonso Henriques) e a Igreja de Santiago (do século XV). Destaca-se ainda o Espaço de Transmissões Militares, um pequeno museu instalado na antiga Casa das Radiotelegrafistas, onde se revisitam os meios de transmissão de mensagens usados no castelo ao longo dos tempos: dos búzios e dos pombos-correio aos heliógrafos e aos foguetes.
A uma íngreme distância, fica a pitoresca vila de Palmela, que se descobre a pé, e, mais longe mas não muito, as serras do Louro e da Arrábida, as praias da Costa Azul e uma série de quintas vinícolas para visitar. Após estes passeios, a melhor parte do dia é bem capaz de ser o regresso à pousada, onde ao final de tarde só se ouvem os pássaros.