Passar uma noite na Pousada Ria Aveiro é como dormir em alto-mar sem nunca tirar os pés de terra firme. Deitado na cama de um dos 12 quartos virados para a ria, o hóspede levanta a cabeça, espreita para fora, e tudo o que a vista alcança é água. É a consequência natural – e desejada – de ficar num alojamento com varandas assentes em pilares de pedra rústica, debruçadas sobre a água, dando a sensação de que o edifício de dois pisos levita ligeiramente acima da ria.
A Pousada Ria Aveiro foi inaugurada em 1962 com outro nome e configuração. “Esta unidade começou apenas com a fachada frontal de 12 quartos virada para a ria e foi crescendo”, conta o gerente Arlindo Tavares. Em 1987 foi construída a ala sul, que dá à pousada a atual forma em L. “Com esta obra de ampliação, a capacidade aumentou para 19 quartos. Há seis anos, aproveitando um espaço que se destinava a logística, fizemos mais cinco quartos”, diz ainda.
Estes também têm vista de ria e varanda, mas estão de frente para um pequeno jardim. O gerente chama-lhe “a minha pequena grande unidade” porque, “possivelmente, somos a pousada do Grupo Pestana com menos quartos.” Poucos quartos, mas qualidade de excelência – além de ter restaurante, bar, sala de estar, piscina exterior, doca e até uma minipraia privada.
Vamos ao nome. Quando nasce, em 1962, chamava-se Pousada Santa Joana Princesa, em homenagem à padroeira da cidade de Aveiro. Só que a pousada não pertence ao concelho de Aveiro, antes ao de Murtosa. Quem escolhe o nome Pousada da Ria, segundo consta, é Salazar, então um freguês habitual. “Esta pousada tinha alguma importância na época. Prova disso é que também o Almirante Américo Tomás vinha cá muito”, conta o gerente, cuja história pessoal se cruza com a do hotel, pois é um filho da terra e já o seu pai trabalhava na manutenção do edifício. “Praticamente nasci aqui.”
O encerramento temporário forçado pela pandemia foi aproveitado para renovar os 24 quartos. E se parecem novos, de facto, é porque o são. “O que mudámos foi o mobiliário e as televisões.” O resto – como a estrutura que lembra um chalé suíço, só que à beira-ria – mantém-se como está desde 1962, com madeiras, granito e ferro a marcarem um estilo que se popularizou na década seguinte.