A construção deste hotel de charme remonta ao ano de 1903, quando se tentou fazer de Viana do Castelo uma estância balnear que pudesse rivalizar com Biarritz.
Em 1927, a revista The National Geographic escrevia que poucas vistas podiam ser equiparadas à do Hotel de Santa Luzia. “Talvez apenas as do Rio de Janeiro e do Funchal”, lia-se. Em 2019, o El País reforçava o elogio, dizendo que era uma das melhores panorâmicas do mundo. Das varandas da atual Pousada de Viana Castelo, de onde se vê o rio Lima, as praias, o alto-mar e a montanha, percebe-se o fascínio dos repórteres.
A construção deste hotel de charme remonta ao ano de 1903, quando Domingos José de Moraes, um vianense que enriqueceu no Brasil, imaginou fazer de Viana do Castelo uma estância balnear que pudesse rivalizar com Biarritz. O projeto ficou a cargo do arquiteto Miguel Ventura Terra, inspirado na escola de Belas-Artes parisiense, que privilegiou o estilo neoclássico e cosmopolita da altura. O hotel, porém, viria a ser inaugurado apenas em 1921, já pela mão do capitalista portuense Bernardo Pinto Abrunhosa, que assumiu a obra após a morte de José de Moraes.
Ao longo das décadas seguintes, o edifício foi sofrendo intervenções, nomeadamente em 1946, aquando da nacionalização pelo Estado, mais tarde na década de 1980 e, finalmente, depois de ter sido integrado na rede das Pousadas de Portugal, em 1996. Os quartos tornaram-se mais espaçosos e a entrada foi ampliada, mas mantêm-se algumas características transversais às várias épocas, como as pronunciadas arcadas e os salões de jantar (onde atualmente funciona o restaurante) e de convívio (que serve de apoio ao bar).
É precisamente na sala de convívio, cobrindo boa parte da parede lateral, que se encontra um dos elementos decorativos mais impressionantes da pousada: a tapeçaria da Fábrica de Portalegre assinada por Almada Negreiros (1957). Mas não está sozinha: há peças de grandes nomes nacionais expostas pelo edifício, como as pinturas de Armanda Passos, Cargaleiro ou Darocha.
Embora preserve os traços sumptuosos de origem, o alojamento opta por uma abordagem próxima e informal com os hóspedes, que ali se sentem em casa. Em Viana do Castelo, é até tradição os noivos passarem na pousada a noite de núpcias. “Ainda hoje é conhecido como o hotel dos noivos”, explica Sérgio Monteiro, chefe de recepção. Afinal, haverá algo de mais romântico do que abrir as janelas do quarto e acordar com uma das mais elogiadas vistas do mundo?
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