Na Península Ibérica não há outro edifício como este tão bem preservado: um mosteiro fortificado, que à primeira vista mais parece um castelo, oriundo de uma época em que o Alentejo era um terreno fronteiriço sob constante ameaça. Novos tempos, novos usos: hoje, o antigo Mosteiro de Santa Maria da Flor da Rosa deu lugar à Pousada Mosteiro Crato, e os janelões cortados de alto a baixo tornam o espaço menos defensivo e mais harmonioso, rodeado de verde a toda a volta.
O edifício original remonta ao século XIV, quando D. Álvaro Gonçalves Pereira – pai de D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável – mandou construir o mosteiro. Este foi atribuído à Ordem do Hospital (também chamada Ordem de Malta), fundada no tempo das Cruzadas, o que explica uma construção mais bélica do que seria de esperar numa casa conventual.
Os arqueólogos garantem que o mosteiro sempre esteve em obras desde a sua edificação, com camadas e camadas de História sobrepostas. Durante séculos, manteve-se funcional. Sobreviveu às guerras da Restauração, ao terramoto de 1755 e a outras catástrofes, de incêndios a derrocadas. Mas o que não mata, mói. Em 1910, quando o mosteiro de Flor da Rosa foi declarado monumento nacional, estava ao abandono há quase um século. Nos anos 40, o Estado iniciou as obras de restauro, mas só 50 anos depois seria adaptado a pousada.
O projeto arquitetónico é de Carrilho da Graça, que descreveu o espaço, na primeira visita, como “labiríntico”. É fácil perceber porquê. À estrutura gótica foram sendo feitos acrescentos, ao longo dos séculos, com um traço comum: “O entrechocar de fragmentos de épocas tão diversas é unificado pelo granito.”
A ala antiga foi recuperada e foi construída uma nova ala, de raiz, a fechar um L. Na zona antiga, ficam a maioria das zonas comuns, alguns quartos e ainda as suítes e a master suite (localizadas nos três pisos da torre). Na ala nova situam-se outros 13 quartos, dispostos no longo edifício que vai dar ao banho turco, à sauna e à piscina interior – com janelas para a natureza e sem iluminação artificial.
Encaixado no L dos edifícios, o sossego do jardim. A piscina exterior surge mais à frente, elevada, envolta numa mistura de arquitetura e natureza: primeiro a pedra, mais acima as árvores. É esta a vista da ala antiga do edifício, de onde se vê o melhor pôr do sol. São de visitar a sala da lareira e a sala de jogos, mas principalmente o restaurante e o bar, instalado no antigo refeitório do mosteiro – o espaço mais bonito de toda a pousada.
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