Manuel Pestana saiu da ilha da Madeira em 1945 para construir uma vida melhor. Conseguiu mais do que algum dia imaginou: em apenas duas gerações, o apelido da sua família passou a ser sinónimo de uma marca hoteleira de dimensão internacional.
Da primeira vez que visita a terra dos seus pais, em 1958, Dennis tem seis anos e fica muito impressionado com a pobreza da vida no campo. Na Madeira, Dennis é Dionísio, filho único do comerciante Manuel Pestana, que abalara para a África do Sul em 1945, aos 26 anos de idade. Originário da freguesia da Ribeira Brava, a 19 quilómetros do Funchal, a escolha era simples: trocar uma rotina de subsistência pela esperança numa vida melhor.
Manuel Pestana parte sozinho. Na Ribeira Brava ficam os seis irmãos e a mulher, Caridade Fernandes. Durante seis anos, o madeirense trabalha numa quinta de fruta e legumes, nos campos sul-africanos. Quando consegue poupar o suficiente, abre uma mercearia em Joanesburgo, que logo a seguir troca por uma loja de bebidas. É então que chama Caridade para junto de si e, aos poucos, outros membros da família. Dionísio nasce já na África do Sul, em 1952.
Manuel Pestana revela uma visão rara e faro apurado para os negócios. Aquilo que ganha com a loja de bebidas, investe em ações das minas de ouro, em baixa por causa da crise bolsista. Fará então o seu primeiro grande investimento imobiliário, o moderno Prédio Funchal (atual Pestana Rovuma), concluído em 1964, no centro de Lourenço Marques, hoje Maputo.
Dois anos depois, avançará para um voo bem mais arriscado, um sonho antigo: a construção de um hotel de luxo na sua ilha natal. Convence a família Eça de Almeida a vender-lhe o Hotel Atlântico, situado sobre o mar que o viu partir. Em 1968, lança a primeira pedra. Em 1972, o Sheraton Madeira abre portas. Em 1976, Manuel passará essa responsabilidade a Dionísio. Em 50 anos, o apelido Pestana deixará de ser apenas um nome de família para passar a ser sinónimo de uma grande marca internacional.